FLÁVIO VALENTIM DE OLIVEIRA

( Pará )

É doutor em Educação (Universidade Federal do Pará) e Mestre em Filosofia (UNICAMP). 
Participou da Agenda Poesia Brasil, 2004, SRR Editor, Porto Alegre, RS;  V Anuário da Poesia Paraense, 2019.
Autor do livro Arte, Teologia e Morte. Filosofia e Literatura em F. Kafka e W. Benjamin, Appris, Curitiba, 2013. 

VII ANUÁRIO DA POESIA PARAENSE.  Airton Souza organizador.  Belém: Arca Editora,     2021.  221 p.       ISBN 978-65-990875-5-4    
Ex. Antonio Miranda

       MENSURÁVIT

Qual é a medida do verso
na insônia zerada?
na fila dos velhos sem ranking?
nas manhã desoneradas?

Qual é a medida do verso
no rugir do mercado?
no dia emergencial?
no silêncio cambial?
Com paneiros, com lanças ou carteiras de trabalho,
os barcos do Aqueus e de Belém
ainda são os mesmos no soluço dos ventos.

E qual a medida do verso?
Quando a logística do céu for de ferro?
Quando o gestor sem vértebras condenar o poeta,
inventor de pedras sem  commodity?
Poeta sem Fundos, sem auxílio, sem conjuntura.
Com sua voz dócil e feminina,
arrancando as rugas da exportação do rosto.
Mesmo sem vagas, sem trainees, mesmo oculta,
a vida com insolência.
Tanto clamor nos verso!


PALAVRAS

Febre de palavras.
Surram-na.
Expulsam-na,
Mas eu canto
Nas pequenas fechaduras, em sigilo com as crianças
açoitadas.
Mesmo com a voz do demônio furioso,
No zunir das moscas,
Canto e recanto o inábil dia
E na profundidade do escuro
Minha máscara brilha.

*

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Página publicada em março de 2022